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INTERVENÇÃO DA VENERANDA JUÍZA CONSELHEIRA PRESIDENTE DO T...

Notícia

Excelência, Senhor Presidente da República; 

Excelência, Senhora Vice-Presidente da República; 

Excelências, Senhores Chefes de Estado, de Governo e os seus representantes convidados para esta cerimónia; 

Venerandos Juízes dos Tribunais Superiores da República de Angola; 

Mui digno Procurador-Geral da República de Angola; 

Excelências, Senhores Oficiais Superiores das Forças de Defesa e Segurança da República de Angola; 

Excelências, Representantes das Entidades Religiosas e Eclesiásticas; 

Excelências, membros do Corpo Diplomático acreditado em Angola; 

Minhas Senhoras e meus Senhores, 

Caras cidadãs e caros cidadãos da Nação angolana. 

Todo o poder investido pelo Estado tem como contrapartida a responsabilidade pelo seu povo! 

Dando sequência à recente, mas nobre tradição que se desenha nas solenes cerimónias de investidura do Mais Alto Magistrado da Nação, por assunção do desígnio do Soberano Povo, cumpre-me, agora, transmitir a Sua Excelência Senhor Presidente da República a seguinte mensagem: 

Angola é um Estado independente, Democrático e de Direito, que visa a construção de uma sociedade livre e baseada na paz, no progresso e na justiça social, cuja legitimidade política tem como primado a soberania popular, nos termos da Constituição. 

O aprofundamento desses valores, que constituem os alicerces do nosso Estado, levam-nos ao periódico exercício colectivo de realização de eleições, baseadas no voto livre, universal, igual, directo e secreto, conducentes à escolha do Presidente da República e dos Deputados à Assembleia Nacional. 

Excelência, Senhor Presidente da República  

Excelências; 

O Povo angolano expressou a sua vontade nas Eleições Gerais do último dia 24 de Agosto, e não há quem possa deixar de ouvir o Povo num Estado, num País, numa Nação democrática, quando este decide soltar a sua Soberana Voz! O Povo é o elemento central, pelo que, sem que ele seja tido na mais alta consideração, pouco sentido fará almejar um grandioso futuro colectivo. Foi o Povo que vos trouxe até aqui e é pela sua vontade, expressa nas urnas, que levarão adiante este empreendimento. 

A Sua Excelência, Senhor Presidente da República; 

Mui Estimados Concidadãos; 

Minhas Senhoras e Meus Senhores; 

Os processos eleitorais são, por essência, competitivos e é assim que os queremos, em prol de uma vibrante democracia, que só brilha se a vontade for livremente expressa por conseguinte, respeitada por todos. 

Porém, toda a competição em sociedade pressupõe regras e os seus respectivos limites, que devem ser aceites e respeitados por todos, nas suas diferentes etapas. 

A “competição eleitoral” terminou, por isso, agora é o momento de extrairmos as consequências do resultado. 

O presente acto de investidura conclui mais um ciclo normal de renovação da legitimidade democrática do mais alto mandato constitucional de representação do Povo para os próximos cinco anos, com a recondução a Presidente da República do cidadão João Manuel Gonçalves Lourenço. 

Trata-se, pois, da representação de todos os angolanos e angolanas, independentemente do seu sexo, idade, credo religioso, filiação partidária, raça, origem étnica ou orientação sexual. 

O Presidente da República é o real representante e defensor dos mais nobres interesses de Angola, independentemente das legítimas preferências político-partidárias de cada um. 

Cargo algum reclama maior responsabilidade na condução da unidade nacional do que o de Presidente da República! 

Esperamos, assim, Senhor Presidente, que, neste segundo mandato, demonstre nada menos do que o maior comprometimento para com a unidade nacional, pois somos todos filhos da mesma Pátria, una e indivisível: “Um só Povo e uma só Nação”! 

A Sua Excelência, Senhor Presidente da República; 

Excelências, minhas Senhoras e meus Senhores; 

Em Angola, tal como expressa a nossa Constituição, o Presidente da República, além de Chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, é, também, o Titular do Poder Executivo ou, se quisermos dizer de forma mais simples, é o Chefe do Governo. 

Todavia, na prática, nem sempre é fácil distinguir cada um dos lados deste triângulo. 

Em nome da melhor ética republicana, é essencial realçar a importância da personalidade do mais alto mandatário da Nação, enquanto Chefe de Estado, responsável pela construção de uma sociedade assente em valores que priorizem o interesse do Estado, em detrimento dos interesses partidários ou de grupo. 

A Sua Excelência, Senhor Presidente da República; 

Mui estimados concidadãos; 

Minhas Senhoras e meus Senhores; 

As eleições não são cheques em branco do Povo para os vencedores! 

Aproveito, pois, esta sublime oportunidade para me dirigir a si, Senhor Presidente, porque pelas mais altas funções ao serviço do Estado e da Nação que irá desempenhar, será a sua, em primeiro lugar, a responsabilidade de garantir a preservação e a manutenção do nosso contrato social. 

Não sendo à Eleições um fim em si mesmo, é imperiosa a compreensão de que a democracia se deve expressar, sobretudo, na acção consequente e responsável daqueles que as vencem. Deste modo, estes devem considerar-se sempre e, antes de tudo, verdadeiros servidores públicos, em escrupuloso respeito pela Constituição da República de Angola, pelas leis vigentes, pelo programa eleitoralmente sufragado e pelos superiores interesses da Nação. 

É preciso retrair os elevados níveis de abstenção, que o último pleito, lamentavelmente, revelou, renovando a confiança do Povo sobre o seu papel na condução dos assuntos e destino do nosso País. Mas, tal só será possível por via da educação e da consciencialização política do cidadão (sobretudo dos mais jovens), bem como pela ampliação e fomento dos espaços públicos de discussão plural, em salutar respeito pela divergência de opinião. 

Senhor Presidente da República, 

Caros concidadãos; 

Minhas Senhoras e meus Senhores; 

É de realçar, especialmente no actual contexto, a elevação do ser humano, do cidadão, como titular primário de todo o poder político existente no Estado por conseguinte, o ponto de partida e de chegada de todas as acções políticas. 

São estes homens e mulheres, seres humanos em paridade, que legitimam, por delegação, qualquer outro poder existente, incluindo o de Presidente da República. 

Os direitos e liberdades fundamentais, constitucionalmente consagrados, bem como os direitos humanos, em geral, constituem um limite natural para todo e qualquer poder existente no Estado, inclusive para o poder que lhe foi hoje investido, Senhor Presidente da República. 

Sendo tal verdade irrecusável, não será menos verídica a aceitação e consideração da família, como raiz social basilar, que deve ser protegida e acarinhada, na medida em que é o berço onde nascem todos os homens e mulheres do nosso País e do qual depende o quão auspicioso será, ou poderá ser, o nosso futuro colectivo. 

Excelência, Senhor Presidente da República; 

Digníssimos membros da Pátria Angolana; 

O Povo, o Senhor e Soberano de Todos Nós, o original titular da soberania e do poder, que hoje lhe foi conferido, expressou ainda que o Senhor Presidente jamais deverá consentir que o mero império da força prevaleça sobre o império da justiça. E este conceito deve ser bem mais amplo, compreendendo, também, a justiça social, isto é, a realização plena do angolano, enquanto ser social. 

Senhor Presidente da República, Angola não pode ser adiada. Angola não deve continuar a ser um mero sonho! É urgente que ela se torne uma prazerosa realidade, até para o mais humilde dos angolanos. 

É necessário continuar com as reformas estruturantes em vários sectores e domínios da vida do País, visando não somente o bem-estar geral, mas pensando e criando, já, as melhores condições para as gerações vindouras. 

Sua Excelência, Presidente da República, sinto-me compelida a pedir-lhe que não desista de Angola e dos angolanos, incluindo daqueles que possam ter, temporariamente, desistido de Angola, acreditando que o País desistiu deles. Angola não desistirá jamais de qualquer um dos seus filhos, tal como o Senhor Presidente jamais o poderá fazer. Seja o Presidente de todos nós: dos que votaram em si, dos que não votaram em si, dos que não votaram ninguém e dos que não votaram. 

É mais do que tempo de expurgarmos os fantasmas, reais ou imaginários, que pretendem dividir-nos e afastar-nos. 

É mais do que tempo de fomentar e retirar lições dos grandes debates sobre o nosso destino comum. 

Somos todos filhos desta grande Nação! 

Que os resultados do pleito eleitoral resultem na argamassa necessária para a restauração e consolidação de todos os laços, cortados por décadas de desunião, que agora é parte do passado. 

Senhor Presidente, para o bem de Angola e dos angolanos, auguramos-lhe um profícuo mandato presidencial, com muita paz e muita saúde, para si, para a sua família e para todo o nosso Povo. 

Bem-haja, Angola! 

Bem-haja a todos os angolanos e angolanas, agora e sempre! 

Muito obrigada!